Adorava desenhar sereias. Resolveu traçá-las. Não gostou.
Exigente, amassou o papel e disse: nunca mais.
Preocupei-me. Conversei. Os primeiros
esboços são sempre assim, concluí. Não fui ouvida. Aos 6 anos, ela queria a
perfeição. Por que não pegar outra folha e
começar de novo? Talvez fosse pedir demais. Deixei-a sozinha. Queria dar-lhe um
tempo. Testemunhei minutos de desengano. Inconformada, resgatei a obra e
aprimorei-a. Toques sutis transformaram o cenário. O mar agora era
céu e nossa personagem não mais nadava, voava. Apresentei o novo. Pairou-se a dúvida. Aceitaria?
Dedos cruzados, coração apertado. Percebi um sorriso. Ainda em lágrimas, indícios de um encantamento. Finalmente, o abraço e a
entrega. Tranquila, minha pequena artista acomodava-se. O alívio?
Com certeza, temporário. Afinal de contas, sua busca por folhas a serem
rabiscadas, estava apenas começando.
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